quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Entre uns e outros

E hoje eu fui!
Entre uma nuvem e outra, coberta pelas cores fortes das chamas de uma queimada, em um horizonte não muito distante, fui um dragão. Minhas asas estavam fechadas, com a boca aberta em um preparo disparo de chamas, fui me transformando levada pelo vento.

foto: Érica Beltrame
E hoje eu fui!
Em um instante entre um piscar de olhos, fui surgindo com a cabeça suspensa em um fino pescoço, e de boca aberta com um sorriso já riscado, fui me transformando.

E hoje eu fui!
Com a pele enrugada, corpo curvo, cabelos brancos e mãos macias, fui uma senhora de rodo nas mãos, e na tentativa de mover-se com leveza entre as poças d'água, fui me transformando.

E hoje eu fui!
Fui imensa, espaçosa, exagerada em reclamações, em desespero aflito fui me transformando, e, há formas nessa vida que não valem a pena de ser e nem de entender.

E hoje eu fui!
Fui uma saudade, que em um corredor imensamente desejado, aglomerado, fui tocada, um abraço forte e demorado, ilustrado por lembranças de um grande momento, fui um contemplamento.

E hoje eu fui!
Entre um instante e outro hoje eu fui.

..Érica Beltrame

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Prazer, Angustia


Quem nunca se sentiu angustiado que se expresse por favor, pois existe uma invasão angustiante de um prazer do estar diante de tamanha sensação, que me causa estranhamento...é mesmo prazeroso o estar frente à angustia?  Porque me parece que não à evitamos.


O prazer da angustia sentida pelo amor que não chega, pelo desamor que insiste em fazer parte da vida, pelas hipocrisias da humanidade. Pode ser também pelos sonhos quebrados ou pelos novos sonhos, o fato é que a angustia insiste em existir. 

As lamentações não cabem aqui, mas o pensar no estar em prazer da angustia, é possível assim como às 24 horas certas de cada dia que há de ser vivido.

Feliz aquele que não pensa, ou que finge que não há prazer na angustia, prazer da angustia.

Passar o tempo bebendo vinho, procurando algo para ser escrito, sem muito sentido, sem intenções, descrever simplicidade de coisas simples, como o vento que entra pela porta da varanda, e que traz a tona sonhos quebrados, e que ao deixar a pele eriçada, faz com que se perceba que nem tudo é tão simples, e que isso é angustiante, é um prazer?

Prazer angustia, fique a vontade.  

Existe uma imensa angustia até mesmo no ato do: expressar o otimismo pelo novo, pelas boas novas da vida. É também possível sentir a angustia durante o momento onde ergue-se a taça de um bom vinho, fecha-se os olhos para narrar um brinde, e percebe-se nesse momento que o prazer é inenarrável. Prazer da angustia.  

Resta então desfrutar do bom vinho e do prazer da angustia, pois isso tudo há de ter boas inspirações.

..Érica Beltrame

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A reza

foto:Érica Beltrame

Pela janela ao som de trovões e da forte chuva , busco o fortalecimento para minha luta diária pela transformação, pela entrega ao que o mundo me oferece de melhor, a vida, a paz, as graças das palavras positivas, das ações de amor, a luta diária para ter um amor livre de amargura, de rancor, de insegurança, de falsidade e ódio.

Eu rogo por amor, peço que essa chuva lave a minha vida e a do meu amor, que nos fortaleça diante de tudo que nos enfraquece, que nos una diante de tudo que nos afasta, e que leve todo ódio e todas as pragas rogadas pelos meus inimigos e que os afaste.
Peço que a chuva caía com força e que em uma grande enxurrada arraste meus inimigos de perto, que os limpe, para que eles possam caminhar em paz e que suas palavras e seus desejos pela minha miséria sejam transformados em amor e paz, para que eles não apodreçam em seus próprios desejos.
Assim eu rogo o amor e a paz. 
..Érica Beltrame 

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O Rompimento


Em dias intensos é que surge ás doses da maturidade do aceitar, as novas doses do saber sentir, doses daquilo que vem do coração. Não podemos nos entregar a cegueira da carência à cegueira da emoção. É sábio aquele que se renova em sim mesmo, o renovar é o renunciar. São as novas sementes, se tudo pode acontecer que não haja então somente o continuo, deixe o romper existir, é rompendo que renovamos, é através do rompimento que se é possível o renovar o que se tem que renovar.


Renovar as formas, os feitos e os a fazeres, renovar a si mesmo.
..Érica Beltrame

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

O sábio instante em calar-se


foto: Érica Beltrame 

Somos imbecis ou esquecidos?
Desconhecidos ou invisíveis?
Leia, escreva, reze o agradecimento

Reze o pedido, reze o concebido

Me lembre para sempre
Mesmo que a lembrança seja do final da noite
Entre tantos papos interessados e interessantes

A lembrança, a sua, a minha, a nossa, a vossa, a tuas

Mesmo que seja: o banheiro e os vômitos
Os sem interesse, o interessantíssimo, o interessado 
O budismo, o quadrangular, as princesas e os príncipes
A carência, o sábio instante em calar-se

Lembre-se lembre-me
Reze o pedido, reze o agradecimento,
Reze o concebido, leia-se 
O interessante é o interessado de que algo valerá ser lembrado.

..Érica Beltrame

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Fragmentos dos nossos erros

foto: Ipê branco no meio do Cerrado Baiano - Érica Beltreme

O que seus olhos podem ver?
Até onde você consegue chegar?
Esse não é o mesmo lugar que sonhou?
Estamos fisgando um horizonte desfigurado

O que temos hoje parece estar traçado
O que vimos no ontem nem ao menos entendemos
O que você sente é apenas o que seus olhos podem ver
Até quando seremos cegos?

E essa busca está errada
E essa estrada já não te configura mais
Os olhos pulsam e a cabeça frisa um vazio
A existência acabou, ou são somente os fragmentos do feito errado?

A existência acabou, ou seus olhos não te deixam sentir?
São fragmentos do nosso erro
A existência acabou, estamos cegos

Será que vamos reagir?
Será que queremos ressentir?
Será que vamos nos alcançar?
Vamos apenas fisgar o horizonte configurado

E quando olharmos para as paredes brancas
Será um novo sentido
O que nos resta agora são os novos traços
Configurar o que já não nos pertence mais  

Estamos desconfigurados
Gritando sem agir
Estamos amarrados e pertencendo ao vazio
Vamos apenas fisgar um horizonte configurado e sentir
..Érica Beltrame

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Malevolência da existência

Desenho: Sem mascaras - Érica Beltrame

Eu tenho tentado encontrar uma brecha, pequena, proporcional ao tamanho da vontade que tenho sentido em estar presente no aqui e agora. São estreitos e bastante insignificantes o que ainda me parece fazer algum tipo de sentido. Tenho entrado em um estado diferente em determinados dias, até mesmo o medo de não dormir não me é mais medo, tenho a coragem dos pequenos e manipulados comprimidos.
  
Às vezes pela fresta da janela a brisa me agita, e em pequenos e desconsideráveis instantes, me preparo para sair.  É incomparável o que sentimos, mas sempre existirá a ignorância e a pretensão dos que acham que podem acrescentar algo em torno do que está sendo apreciado por um momento de um. Existem momentos que só são possíveis a um, e esse é o meu momento.

Penso em mariposas, o meu despertar poderia ser o de uma borboleta, mas talvez por apreciar nesse momento à noite, que me assegura o não precisar sair para o encontro desprezível dos seres, me asseguro nas mariposas. As mariposas diferentes das borboletas pousam com suas asas abertas, e tem hábitos noturnos, para mim é um ato que expressa coragem. São consideradas em algumas culturas como bruxas.

Não tenho nada de bruxa, a não ser que minha mudança de humor em consequência das mudanças do ciclo lunar seja um sinal de bruxaria em meu ser, caso contrario nada me remete a uma tendência ao ser bruxa.
Eu sempre questionei a existência, questiono, mas não a afronto, pelo menos não tenho afrontado nos últimos 6 anos. A única coisa que não pretendo questionar é se escrevo para me mostrar, e se me mostro na tentativa de me esconder.

A pretensão é inerente a qualquer ser que exista com consciência, com a racionalidade em uso, então escrever é um ato pretensioso de difundir o que se sente, ou o que somente é criado por não ser possível de se sentir. E o que eu crio agora expressa o que não posso sentir.

E essa malevolência que insiste na minha companhia, e que feito um casulo a cada dia espreme a minha existência como se houvesse a necessidade de renascer de ressentir. E nesse instante a única coisa notável é a lua riscando como se fosse um sorriso o céu.

Existe uma magia nesses traços, mas nada é o suficiente para uma bruxaria, é uma saborosa e única maneira que me encontro em dias que nada mais é, a não ser essa desistência do ser. 
..Érica Beltrame

terça-feira, 7 de agosto de 2012

O que pulsa ainda é o pulso

Foto: Sem você eu não vivo - Érica Beltrame

Pânico,
Bullying
Depressão
Esquizofrenia

E a mente ainda é mente

Bipolaridade,
Ressaca e dor de dente
E o corpo ainda é corpo


Cyberbullying
Mobbing
Toc
Stress
Bulimia

E a mente ainda é mente

Xenofobia
TPM e Dengue 
O corpo agora pulsa
E a mente agora mente.
..Érica Beltrame

Conexão

foto:Érica Beltrame 
Dispositivo 
Extensão
Caracteres
Privacidade

Valores 
Agregar
Consumo 
Velocidade

Explorar 
Temporalidade
Atomizado
Disponibilidade

Responsabilidade
Informações
Veridicidade  
Temporalidade

Fragmentado
Tempo
Concisão
Nicho

Móvel
Produção
Conteúdo
Publicidade

Conceito
Exploração
Seleção
Faça a sua.
..Érica Beltrame

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Revelar-se


Desenho à lápis: Sem mascaras - Érica Beltrame
Eu às vezes me anulo me escondo das palavras, fico em um estado de silêncio profundo, é a única e mais inteligente maneira de me esconder, é estreito o caminho que percorro na tentativa da anulação total de tudo que possa ser revelador. Não que eu não me revele o viver já é uma revelação, falo da revelação do mundo das coisas minhas, do mundo do dito pelo não dito.

Às vezes me revelo no simples ato de folhear um livro, no instante que sinto o cheiro velho e me perco em lembrança passadas, me faço refém, é a nudez de tudo que possa estar em segredo. O passado fica quase sem sentido é como se toda aquela composição nunca tivesse passado.

Como pode algo compor um espaço no passado se ele está ali tão presente em um cheiro de livro velho, ou na textura das folhas cobertas por furos de traça. A anulação do passado é impossível.

Não sei o que pretendo revelar nesse instante, mas sei que a revelação existe e é agora o seu mais estreito momento, o mais pavoroso, quando a pele erriçada já exibe uma revelação.

O olhar, esse não faz tanta diferença, o que importa mesmo são as palavras que insistem em ser, é quase uma exigência própria.

Se me revelo neste instante que seja como todas as outras vezes, com caminhos turvos para aqueles de olhar somente curioso, que seja frio aos que possuem a palavra somente dita, e sem entendimento aos que vivem somente para o que se pode entender.

Revelar-me em verbos do passado, me parece à única saída do desejo de ter tudo aquilo que está em exigência à revelação.

..Érica Beltrame

quinta-feira, 8 de março de 2012

Para todas as mulheres


Desenho à lápis: Em suas curvas - Érica Beltrame
Mulher de todo dia
Mulher que nasce
Mulher que da a luz

Mulher da vida
Mulher que ama
Mulher de todo dia

Mulher pai
Mulher mãe
Mulher de branco

Mulher despida
Mulher gorgona
Mulher sutil

Mulher viril
Mulher que sonha
Mulher de muitos sonhos

Mulher de todos os dias
Mulher para toda vida
Mulher.
..Érica Beltrame