segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Nuances, rascunhos e o feminino das coisas


foto: Érica Beltrame
Um instante e um futuro incerto, ondas de pensamentos, exageradas tentativas em descobrir qual o caminho percorrer, tudo parece ser igual à um rascunho escrito, fica meio bagunçado. São as novas e as velhas estórias!
Observo a vida lá fora da janela, acaricio as minhas mãos como se alguém o fizesse por mim, com a língua molho minuto a minuto os lábios secos pelo vento que entra pela fresta da janela, e, observo as nuances do final do dia.

Qual a velocidade que devo alcançar nessa vasta vida? Alguns pássaros sobrevoam aos redores todos os dias quando a tarde cai, existem árvores e coqueiros ao lado da janela. Esse cenário tende a deixar um alivio em momentos específicos, e esse momento, o de agora, posso afirmar que me faço aliviada.
Me sinto aliviada da minha própria angustia de sentir que ainda não sou.

A umidade deixada pela chuva que caíra a pouco me alivia a alma, o cheiro do asfauto molhado que entra pela janela, me excita. Existe um instante em que tudo se encaixa, as incertezas por um instante passa a ser parte do momento construído, cobranças de um mundo ousado de um mundo real. O movimento das nuvens é veloz e a noite chega e é contemplada, percebida! As estrelas apontam o universo que ali existe.

Por um instante o universo faz com que todo o resto não exista. E a minha excitação aumenta com a umidade da noite em dias de chuva. Nessa hora tudo se torna feminino.

..Érica Beltrame

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Um Inverno


foto: Érica Beltrame
Tem dia que algumas gavetas são abertas  e algumas coisas antigas são reviradas, e acabam tirando um certo entendimento de algo que nunca esteve no mundo das coisas antigas. Rompe com o que nunca estivera no mundo do que hoje é passado, são instantes, momentos que estão guardados e que fazem parte do mundo das coisas do hoje. Fazem parte do instante agora.

Sentir saudade da sua própria existência em determinado tempo, é como sentir o vento forte, mas tão forte capaz de mudar todas as coisas de lugar, capaz de mover todos os grãos de areia espalhado no fundo da gaveta. Faz abrir o pensamento para o momento eterno, faz sentir. 

Hoje o vento retorce a folha da janela e o horizonte continua a apontar para um final de tarde onde guardo minhas sonoras preferidas para contemplá-lo, é suave, e o inverno é o mesmo, mas o vento parece-me mais forte naquele instante do que o que eu tenho agora.

O próximo momento talvez eu não o guarde na mesma gaveta, talvez eu o embrulhe e solte ao vento, para que o meu presente possa recordar-se da minha existência. Possa trazer o momento mesmo que seja torto sem sentido, mas que se faça vivo, por mais esse instante, o agora.

..Érica Beltrame