quinta-feira, 9 de maio de 2013

Outono Inverno ato 8


É que às vezes o sonhar é a única forma de tocar o desejo
E de repente o inconsciente é meu único álibi
E são as coisas intocáveis que sorve a consciência
É pela fresta da janela que o vento entra feito navalha
E tudo parece tão claro, mas o que se tem é escuridão
E está tudo tão seco, onde tudo deveria ser úmido
Será que em todos os invernos eu temerei meus sonhos?

E em todos os invernos minha boca sangrará?
Com o vento fino feito navalha, os cortes se abrem

E o meu escudo é a minha lembrança
A minha lança é o meu desejo
E eu corro para qualquer canto tentando acordar

Mas o que eu mais faço é sonhar
Quem é que tem o sonho que deseja?
Quem é capaz de enfrentar um pesadelo sem acordar?

O que me fere é não querer acordar
O que me alimenta é poder sonhar
E há de se ter um inverno, onde sangrarei ao olhar seus olhos
E eu estarei acordada. 

..Érica Beltrame