quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Adie-se a dor lhe cai bem

Caixa de madeira: Clarice Lispector 
E há palavras que acertam por vez todos os sentidos, e que em um instante dilacera tudo que não estava em seu lugar, e o suspiro é transformado. Lentamente ele sai e como se fosse mil palavras consigo explicar o quanto pode ser o amor que ainda não existe. Mesmo que o buraco pareça sem fim, mesmo que tudo me carregue sob um vazio momento não deixo que acabe.

A pele com cortes finos, sangra lentamente, a dor afável estampada em meus olhos é um sinal de que a dor alimenta. Os olhos desviados de tudo que possa parecer um alivio é o momento de se perder.

Em ruínas dramáticas a verdade sobre uma história, onde o fim é o corte fino da carne. E se tudo pode acontecer no meio de tanto vazio, então que seja repentino. Com grandeza em suas marcas, são das cicatrizes que saem os maiores ensinamentos.

Do que me resta então os cortes finos na carne. A covardia
um instante grandioso, transformador, a renuncia a tudo que pode ser mudado, mas que está sempre sendo adiado. Adie-se a dor lhe cai bem.

..Érica Beltrame

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