quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Um Inverno


foto: Érica Beltrame
Tem dia que algumas gavetas são abertas  e algumas coisas antigas são reviradas, e acabam tirando um certo entendimento de algo que nunca esteve no mundo das coisas antigas. Rompe com o que nunca estivera no mundo do que hoje é passado, são instantes, momentos que estão guardados e que fazem parte do mundo das coisas do hoje. Fazem parte do instante agora.

Sentir saudade da sua própria existência em determinado tempo, é como sentir o vento forte, mas tão forte capaz de mudar todas as coisas de lugar, capaz de mover todos os grãos de areia espalhado no fundo da gaveta. Faz abrir o pensamento para o momento eterno, faz sentir. 

Hoje o vento retorce a folha da janela e o horizonte continua a apontar para um final de tarde onde guardo minhas sonoras preferidas para contemplá-lo, é suave, e o inverno é o mesmo, mas o vento parece-me mais forte naquele instante do que o que eu tenho agora.

O próximo momento talvez eu não o guarde na mesma gaveta, talvez eu o embrulhe e solte ao vento, para que o meu presente possa recordar-se da minha existência. Possa trazer o momento mesmo que seja torto sem sentido, mas que se faça vivo, por mais esse instante, o agora.

..Érica Beltrame

Um comentário:

  1. Nossa Érica, que texto lindo, profundo e reflexivo. Sem contar todo o filme de coisas que passa pela cabeça durante a leitura, mas, enfim... tem coisas que realmente devemos tirar do fundo da gaveta, colocar pra fora o que guardamos na alma e no coração. Às vezes, é necessário sentir e expandir os nossos sentimentos.

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